sábado, 16 de maio de 2015

Ir a banhos nas praias de almada


Como era ir a banhos nas praias de Almada em meados do século XIX e durante o século XX? As memórias dos tempos em que se ia para o mar de vestido e não de biquíni, e em que os pescadores eram banheiros nas horas vagas, vão estar expostas a partir deste sábado no Museu da Cidade, na Cova da Piedade.

O espólio da exposição “Ir a banhos” inclui desde fotografias antigas a trajes de banho do início do século XX, cedidos por particulares. “Recolhemos também pequenos anúncios junto dos lojistas, dos restaurantes e das barbearias, que publicitavam os seus produtos como uma grande mais-valia para os banhistas”, explica Ângela Luzia, chefe da Divisão de Museus e Património Cultural da Câmara de Almada.


A este material juntam-se recortes de jornais da época e folhetos turísticos que publicitam os extensos areais da Costa da Caparica, que se tornou uma das praias portuguesas mais importantes a partir de 1925. “Era um local de veraneio das famílias nobres de Lisboa”, explica Ângela Luzia. A exposição retrata também o uso balnear das pequenas praias ribeirinhas da Mutela, da Margueira e do Alfeite, no século XIX, e as memórias relativas à primeira colónia balnear da Trafaria (desde 1900 até 1920) e em particular da Cova do Vapor (nas décadas de 1940 e 1950).

“Este é um tema muito emotivo, porque as pessoas têm uma grande recordação das praias, do extenso areal, como espaços de liberdade e do contacto inter-geracional”, diz a chefe de divisão.

Patente no Museu da Cidade até 31 de Outubro, a exposição inclui ainda antigos equipamentos de socorros a náufragos, numa homenagem aos banheiros que deram nome a algumas praias urbanas, como a do Tarquínio ou a do Tarzan. “Os banheiros eram pescadores que no Verão asseguraram a segurança dos banhistas, ajudavam as senhoras a irem ao mar e ensinavam as crianças a nadar”, explica Ângela Luzia.


Também os "Robertos", pequenos teatro com fantoches de luva que faziam as delícias das crianças, vão ser lembrados na exposição. "Vamos recordar os senhores que corriam as praias a fazer teatros de fantoches, com histórias tradicionais", explica. Na cerimónia de inauguração, neste sábado às 16h, e também durante as visitas guiadas destinadas a grupos escolares, estará presente o filho de um desses homens, que acompanhava o pai no Verão e percorria 20 quilómetros de praia por dia para levar o teatro às crianças.

No espaço do museu serão projectados testemunhos registados em vídeo de pessoas que têm memória das praias de Almada nos anos 1930 e 1940. "Respondem a duas perguntas: como era ir à praia nessa altura e o que mudou com a massificação do uso balnear, ou seja, que influência tiveram os banhistas na população e nos locais", explica Ângela Luzia. Os visitantes que queiram também partilhar as suas memórias podem fazê-lo, num espaço dedicado ao efeito.

A exposição pode ser visitada de terça-feira a sábado, das 10h00 às 13h00 e das 14h às 18h. A entrada custa 0,60 euros para o público em geral, 0,30 euros para pessoas com mais de 65 anos e portadores do Cartão Jovem, e é gratuita para crianças até 12 anos e grupos escolares até ao 9.º ano. A inauguração da exposição neste fim-de-semana está inserida nas comemorações do Dia dos Museus, celebrado no dia 18. Por isso, a entrada será gratuita de sábado a segunda-feira.

IN PUBLICO

sexta-feira, 15 de maio de 2015

varios motivos porque gosto da cova do vapor

    por aqui se caminha livremente sem incomodar o vizinho

    o sol vai embora para ar lugar a lua

    correm risco por amor a pesca


    o mais belo por do sol

Tarde de Fados no Transmontano

Andorinha-do-mar-comum (Sterna hirundo) - Cova do Vapor

Os gaivotões da Cova do Vapor

A Defesa da Cova do Vapor

Recebemos o seguinte texto do Engº António Brotas e do Engº Geoge Rupp, ambos docentes do Instituto Superior Técnico da Universidade de Lisboa. Temos o maior prazer em publicá-lo, não só pelo relevo curricular e cívico dos autores, mas sobretudo pela solidariedade da Gandaia com o seu conteúdo,uma vez que nos temos batido sempre pela afirmação da importância da Cova do Vapor, quer em termos de arquitetura vernacular, quer na géneso histórico-cultural da identidade desta Frente Atlântica do Concelho de Almada (FACA).

No dia 19 de Fevereiro dois colaboradores do “Jornal República” foram à Cova do Vapor para verificarem localmente os estragos resultantes dos últimos temporais e tirarem uma fotografia do Bugio para figurar na última página do 6º número do “JR”, que sairá em Abril.

Na ocasião tivemos oportunidade de falar com o Presidente e o Tesoureiro da Associação de moradores da Cova do Vapor, “Cova do Vapor Sempre”, que nos deram as informações que estão na base do texto que se segue, que completam e corrigem nalguns pontos informações que já tinhamos, mas que consideramos suficientemente importantes para, sem esperar pela publicação do nosso 6º número em Abril, transmitir desde já ao Senhor Ministro do Ambiente, na sequência da sua recente intervenção televisiva sobre a defesa das praias da Costa Caparica.

Inicialmente, pensávamos que o nome “Cova do Vapor” era devido a algum vapor que tivesse naufragado na zona, mas não. No início do século XX havia, em terra firme, a2010-10-27 CovaDoVapor2010 011 leste da actual Cova do Vapor, no domínio marítimo, uma povoação de casas de madeira, designada por “Lisboa praia”, onde chegavam num vapor as pessoas de Lisboa que iam à praia no extenso areal que, quase sem interrupção, ia até ao Bugio. (Em mapas existentes da Sociedade de Geografia de Lisboa, entre eles no que reproduzimos no nosso segundo número, estão representadas as extensas línguas de areia que no século XIX protegiam as praisa da Costa.)

Quando o mar avançou sobre a terra firme, os serviços do domínio marítimo auxiliaram a população a transferir as suas casas para a actual Cova do Vapor, para a Trafaria e para a Costa da Caparica. O que se passa agora é, assim, um fenómeno que tem um passado bem documentado.

Actualmente, a Cova do Vapor é protegida a Norte e a Leste por um cordão artificial de grandes pedras, mas basta ver o efeito dos recentes temporais sobre este cordão para sabermos que a povoação está condenada a desaparecer se nada for feito.

A sua defesa, no entanto, não passa pelo processo de um depositar mais areias, como oque o Ministério do Ambiente insiste em usar mais a Sul, nas praias da Costa. O problema da Cova do Vapor é um problema de terra firme e não de mais areia. Se não houver novos temporais, as areias depositadas nas praias da Costa poderão manter-se, talvez, durante mais dois ou três anos, mas as depositadas junto à Cova do Vapor desaparecerão, instantaneamente, isto é, para o ano, já lá não estarão.

É, portanto, necessário pensar numa solução diferente (para os dois casos).

Aparentemente, só os técnicos do Ministério do Ambiente ignoram a solução do “fecho da Golada” em que têm insistido todos os técnicos e especialistas portugueses que desde há anos se têm preocupado com os problemas do estuário do Tejo.

2010-10-27 CovaDoVapor2010 009Quando falámos desta solução aos responsáveis pela associação: “Cova do Vapor, Sempre”, eles disseram concordar em absoluto com ela, mas reagiram contra quando dissemos que esta solução abria a possibilidade de construir com custos reduzidos, um porto de águas profundas da Trafaria ao Bugio.

(Não confundir com o porto junto aos silos da Trafaria, felizmente já posto de lado, para o qual o actrual Secretário e Estado dos Transportes, Sergio Monteiro, sem qualquer espécie de estudos, pretendeu abrir imediatamente um grande concurso internacional.)

Compreendemos, perfeitamente, que os moradores queiram defender a manutenção da Cova do Vapor como um espaço com grandes potencialidades turísticas, em particular com o seu admirável pequeno porto de pesca e recreio.

Mas, em qualquer caso, o porto a que nos referimos não é uma prioridade e só poderá, eventualmente, vir a ser construido daqui a uma ou duas décadas.

Entretanto, o “fecho da Golada”, que a nosso ver é um projectos absolutamente necessário e urgente, poderá ter contribuido para o desenvolvimento turístico de toda a frente marítima de Almada, incluindo a Cova do Vapor.2010-10-27 CovaDoVapor2010 005

E, mesmo no caso de vir a ser construido o grande porto referido, o admirável pequeno porto de pesca e recreio da Cova do Vapor poderá, provavelmente, ser salvaguardado, se os projectistas do grande porto a isso estiverem atentos.

Este assunto tem, portanto, de continuar a ser discutido. O “Jornal República” porá todos os meios ao seu alcance para que esta discussão se desenvolva.

De momento, o que fazemos é enviar hoje para o Ministério do Ambiente, para colaboradores nossos, para muitos autarcas, para orgãos da Comunicação Social, e, naturalmente, para a Associação de moradores da Cova do Vapor, um email com este mesmo texto.( 6 de Março de 2014)

Publicado em Notícias da Gandaia

Memórias da Cova do Vapor

Podem aqui ver muitas fotos da nossa terra.

Memórias Coletivas - O Projeto

Este projeto, iniciado em Junho de 2013, tem como objetivo agrupar fotografias que caracterizem e representem a história e a evolução da Cova do Vapor, através do contacto direto com a comunidade. Moradores, visitantes, interessados e outros intervenientes foram chamados a emprestar as suas fotografias ao projeto para a criação de uma cópia digital.

Memórias Coletivas da Cova do Vapor integra-se no âmbito do projeto Casa do Vapor que visa a valorização da Cova do Vapor, assim como a sua divulgação, através da memória subjacente à imagem, que se procura simultaneamente salvaguardar.

Numa primeira abordagem à população, foi feita uma seleção das imagens com interesse histórico/cultural, sociológico/antropológico, artístico e/ou urbanístico. Como qualquer processo de seleção deste tipo, é intrinsecamente subjetivo, e por isso, procurou-se que a recolha fosse a mais extensa quanto possível.

As fotografias recolhidas foram de seguida digitalizadas na LUPA (Luís Pavão Limitada), de forma a obter cópias com elevada qualidade e reprodutibilidade. A digitalização é uma estratégia de acessibilidade e divulgação dos espólios fotográficos, e simultaneamente de conservação das imagens. A evolução da deterioração dos suportes fotográficos tem demonstrado que, mais cedo ou mais tarde, a sua cópia se torna numa necessidade para a permanência do seu conteúdo intelectual.

Esta plataforma online consiste basicamente numa base de dados ilustrada, que permita apresentar a um público extenso, os resultados deste trabalho. O site é uma ferramenta aberta, ou seja, que contempla a sua atualização e desenvolvimento.

As imagens apresentadas neste site pretendem servir a outros projetos no futuro, tais como exposições, material de pesquisa, etc.